Doutorado

Espaço e dobra: a contenção como experiência evocativa no Rio São Francisco

Marcos Olegário Pessoa Gondim de Matos

Como estudo de caso, do complexo de Sobradinho até a sua foz, o Rio São Francisco abriga uma relação tensa com os mecanismos de contenção e abertura em processo no desenho do seu curso como barragens, projetos de transposição, canalizações dentre outras dobras. Mesmo com todos os desvios e contenções de natureza diversa, o São Francisco escapa e segue seu curso até o mar. Os efeitos sentidos por populações e cidades submersas ou banhadas por suas águas neste processo, são permanentes e semantizam essas transformações, deslocamentos, e por cadeia, evocam a produção de novos sentidos e subjetividades, memórias e histórias destas cidades. Os espaços liberados pela multiplicidade de forças presente, especialmente no caso da cidade de Rodelas engolida pelo Rio São Francisco por conta da Barragem de Itaparica, levantam algumas questões. De que forma os sentidos espaciais se estabelecem? Como e quem tem o poder de transformar os espaços em lugares? Como lidar com a paisagem de uma cidade submersa e a reconstrução de seus espaços e memórias? Como situar uma produção de arte num lugar dominado por oscilações e instabilidades espaçotemporais? Para um estudo que trata da influência dos desvios e intervenções no curso do Rio São Francisco e as transformações socioespaciais deflagradas na cidade de Rodelas, nada se compara à experiência do trabalho de campo. Entendendo que não é neutro, esta postura por parte do pesquisador decide por colocá-lo em risco, experimentar, entrar em conflito com o objeto de estudo e inserir-se nas relações de forças se misturando aos hábitos e atividades do dia a dia dos habitantes do espaço investigado. Esta intensificação e atenção à pertinência das histórias, sinais e direções, alerta para o problema da reconstrução de Rodelas, suas diferenças e contradições, bem como as subjetividades e memórias de sua população, produzindo um mapeamento humanizado deste espaço trazendo outras perspectivas e abordagens através da produção artística.


Palavras-chave: Cidade. Memória. Tempo. Arte. Sobrevivência.


ORIENTADOR

Pasqualino Romano Magnavita


PERÍODO

2017-atual