TFG

ALMANAQUE ALMANAQUE

Danilo Araújo, Leonardo Vieira

2022

“Como se sabe, a repetição é a base de qualquer manifesto de vanguarda que se preze como tal” (JACQUES, 2021, p. 424). No almanaque, a repetição é também base de seus textos que intencionam a construção de conhecimento(s) em ação(ões) (práticas/rememorações), através de suas possibilidades gráficas, entre tabelas, colunas, textos, imagens, cronologias e calendários, repetidas em diferentes leituras ano a ano, para fortalecimento e afirmação das dúvidas e inquietações que o movimentam a partir de suas diferenças. “Pensar as cidades sem considerar suas memórias – institucionalizadas e naturalizadas ou apagadas e silenciadas – é subtrair-lhes o espaço de desejo, de ação, de utopia, de convergência e confronto.” (PEREIRA, 2013, p. 16)
Essa “máquina textual”, como nos aponta Botrel (2015, p. 7-8), nos remete ao gesto de lançar todos os dedos sobre as teclas de uma máquina composta por fios soltos e fazê-la curto-circuitar. “Pausar o tempo e falhar a máquina, em um lapso de momento, tornam-se gestos fundamentais para conhecê-la e entender sua montagem, os encaixes, o funcionamento de suas peças” (BELITARDO; QUEIROZ; SOUZA, 2020, in. JACQUES; PEREIRA; CERASOLI. (org.), 2020, p. 202) e, sobretudo, é perceber os movimentos e choques dos fios soltos. “Ora, ao tomar a dimensão de origem (Ursprung) como saltos e recortes no tempo, a forma de narrar empreendida por Benjamin (2018) buscou reintroduzir os movimentos irruptivos e os levantes revolucionários a contrapelo do curso da história, justamente de modo a estilhaçar o continuum historicizante”. (LOPES; JACQUES; SILVA, 2020, in. JACQUES; PEREIRA; CERASOLI. (org.), 2020, p. 35)
Desse modo de pensar e narrar, compreendemos que o que se encontra nos intervalos, nas brechas, é a produção contínua de uma ordem inventiva, ou ainda marginal, nômade, de desterritorialização constante, fundamental inclusive na constituição do que pode ser capaz de irromper e desestabilizar o que comumente se instala enquanto dado. (Idem, p. 34) Uma ciência menor de pura multiplicidade e potência de metamorfose como uma máquina de guerra. Lançar-se, ou melhor, projetar-se, na “potência da colisão em que as coisas, os tempos são colocados em contato, ‘são telescopados’, diz Benjamin, e desagregam-se nesse mesmo contato” (DIDI-HUBERMAN, 2015, p. 127); mas também na potência da destruição – montagem, desmontagem e remontagem do tempo, através do almanaque.
Almanaque EXP. 01 e Almanaque Beta entrecruzados que intencionam cartografar e historiografar as redes complexas, os campos de debates, de forças ou de tensão entre diferentes ideias que construíram e ainda constroem o pensamento urbanístico a partir de nossos percursos de formação em Arquitetura e Urbanismo e fazer um curto-circuito das narrativas e da história a partir das técnicas do urbanismo e do inconsciente moderno, para reivindicar outras formas de atuação no ensino e na prática da Arquitetura e no Urbanismo.


Palavras-chave: Urbanismos. Historiografia. Nebulosas. Almanaque.


ORIENTADORA

Paola Berenstein Jacques


COORIENTADOR

Dilton Lopes de Almeida Jr.


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